'Eu tenho entrada global!'
Agora, isso parece uma linha engraçada? Claro que não. O que na história da humanidade e filas de aeroporto poderia ser engraçado sobre a entrada global?
Mas coloque na boca da deusa da comédia Catherine O'Hara e coloque-a no mundo singularmente inventivo de Tim Burton e na maluca sala de espera da vida após a morte de "Beetlejuice," e talvez se torne a única vez abençoada em sua vida que você irá gargalhar sobre a entrada global.
Provavelmente não será a única coisa sobre a qual você gargalhará. Burton está de volta - e, mais significativamente, ele está DE VOLTA - com "Beetlejuice Beetlejuice," 36 anos depois do original. E, uma vez, a pergunta 'Por que uma sequência?' é irrelevante.
Não porque sabemos a resposta. (Será que sabemos?) Mas, quem se importa? É engraçado. Pode até fazer você se sentir melhor sobre, bom, a morte, embora não a 'morte morte'. E Michael Keaton de alguma forma parece exatamente o mesmo que em 1988 (para ser justo, ajuda que seu personagem já estava morto).
\nRetornando à história do "bio-exorcista" fantasmagórico de Keaton, o diretor Burton traz de volta grande parte da equipe do original, incluindo, ao lado de O'Hara e Keaton, a ainda adorável Winona Ryder como Lydia, a garota gótica (também Bob, o cara da cabeça encolhida).
\nE ganhamos Justin Theroux, Monica Bellucci, Willem Dafoe e, para a geração mais jovem, Jenna Ortega, que, como uma figura relativamente normal, serve como uma âncora atraente, sua história movendo o enredo adiante.
\nFalando em enredo: se você não viu o original, não se preocupe. Tudo é explicado (tanto quanto deveria ser) a tempo. Começamos em Winter River, Connecticut, ainda lar de Lydia Deetz (Ryder), que veio como adolescente com a madrasta maluca Delia e o pai Charles, apenas para descobrir que sua nova casa estava assombrada pelas recém-falecidas Adam e Barbara (Alec Baldwin e Geena Davis, infelizmente não retornaram).
Lydia parece muito a mesma - vestida toda de preto, com franja espetada e pele pálida - mas agora é mãe viúva, mediadora psíquica e apresentadora de um reality show brega, 'Casa Fantasma', onde ela vê fantasmas e pergunta: 'Os vivos e os mortos podem coexistir?'
\nMas um dia ela vê algo na plateia que a assusta: visões de Beetlejuice, que causou estragos quando ela era adolescente e que, quando o deixamos pela última vez, estava definhando na sala de espera da vida após a morte (aparentemente, ELE não tinha entrada global.)
Esperando ao lado do set para confortar Lydia após essa visão aterrorizante está seu gerente e namorado, Rory (Theroux), que tem um pequeno rabo de cavalo quase tão afetado quanto ele mesmo.
Lydia recebe então uma mensagem preocupante de Delia (O'Hara), uma artista de talento questionável e ego inquestionável, que está montando uma mostra de arte em que ela mesma é a tela. Lá, Delia diz a Lydia que perdeu Charles. 'Ele está se divorciando de você?' suspira Lydia. 'Que pensamento horrível!' responde Delia. 'Não, ele está morto.' (Tais linhas são catnip para O'Hara, um gênio do timing cômico).
Lydia chama sua filha, Astrid (Ortega), na escola interna. Astrid lista Lydia em seus contatos como 'Mãe Alegada', o que lhe diz muito do que você precisa saber sobre seu relacionamento tenso.
\nMas vamos pausar essa história dos vivos, porque também precisamos colocá-lo a par dos mortos. Lá onde Beetlejuice está preso, onde os mortos vivem - mas não os 'mortos mortos' -, Delores, ex-esposa de Beetlejuice, escapou das caixas (ênfase no plural) nas quais seu corpo residiu. Assistir à glamourosa Bellucci literalmente se grampear junta é apenas um dos gloriosos momentos criativos que Burton e sua equipe nos proporcionam aqui. Infelizmente, Delores não tem muito mais o que fazer, mas isso é bastante espetacular.
Estamos nos aproximando de território de spoilers, então vamos apenas dizer que as coisas realmente se complicam quando Astrid volta para Winter River para o funeral de seu pai. Lá, ela assiste enquanto a mãe aceita um pedido de casamento do afetado Rory. Correndo para escapar, Astrid encontra um cara jovem e bonito lendo Dostoiévski.
Um relacionamento começa, levando a uma confusão inesperada. Vamos dizer apenas que Lydia precisará invocar - suspiro! - Beetlejuice, que cobrará um preço temível por seus serviços, como é seu costume.
\nE ele não aparece um segundo tarde demais. Keaton, com sua maquiagem branca e olhos e cabelos enegrecidos que parecem que ele está perpetuamente colocando a mão em uma tomada na parede, se encaixa surpreendentemente bem em seu antigo papel. 'O suco está solto', como ele gosta de dizer.
Mas você sabe quem também tem o suco fluindo? Burton. É sua energia inimitável que infunde este filme - uma sequência alegremente renderizada que às vezes faz sentido, e às vezes não, mas apenas continua animada. Entre as delícias ridículas ao longo do caminho: um 'trem da alma' na vida após a morte, que não é apenas literalmente um trem de almas, mas uma réplica do show de variedades 'Soul Train', com pessoas de Afros dançando seu caminho para onde quer que estejam indo.
E se não temos a sincronização labial de 'Day-O (The Banana Boat Song)' do original, temos uma sincronização labial de 'MacArthur Park', na versão de Donna Summer. 'Alguém deixou o bolo na chuva', vão as palavras ridículas do clássico disco. 'Não acho que consiga aguentar, porque demorou tanto para assar, e nunca mais terei aquela receita de novo.'
\nNo espírito de Burton, vamos dizer que demorou muito para assar, sim, mas o diretor recuperou a receita - pelo menos o suficiente para nos fazer sorrir, rir, até gargalhar, por 104 minutos. E podemos ficar felizes com isso.
'Beetlejuice, Beetlejuice', um lançamento da Warner Bros. Pictures, foi classificado como PG-13 pela Motion Picture Association 'por conteúdo violento, imagens macabras e sangrentas, linguagem forte, algum material sugestivo e uso breve de drogas.' Duração: 104 minutos. Três estrelas de quatro.
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